E vamos falar da caridade na época do Natal? Sim, mas um pouco diferente. Uma proposta de reflexão. Caridade por um outro viés. Um pouco mais amplo.
Sim! De novo!
Na verdade, é uma proposta de reflexão. Sem perda de muito tempo, sem crítica, sem apelação.
Só pra embalar a conversa, vamos recapitular o que acontece todo ano nessa época.
A mídia nos atulha os olhos e ouvidos com propagandas lindas e emocionantes. Quer coisa mais bonita que o comercial da Coca Cola. Me diz se não fica comovido?
Pois é. Todo mundo fica. Paramos pra fazer um balanço do ano, constatamos que tem muita gente com muito menos do que nós e vamos lá contribuir com alguma ação que tem por objetivo melhorar o Natal dos mais carentes.
Tem realmente muitas campanhas legais: As sacolinhas de Natal que toda instituição que se preza faz, tem a campanha das cartinhas nos Correios e por aí vai…
Passada essa época, depois de alguns quilinhos mais gordos, de tanto peru e rabanadas, a gente guarda a nossa caridade pra só tirar da gaveta de novo em novembro do próximo ano.
Não estou criticando não. É bacana sim participar de algo que possa proporcionar a alguém momentos de alegria. É válido. Muito válido.
Só que, sem precisar ser espírita, sendo apenas cidadão, caridade é bem mais que isso. É o sentimento que nos iguala que faz com que pensemos no outro como um ser imortal que tem exatamente os mesmos sentimentos e necessidades que nós temos.
Te proponho um exercício: Procura um lugar, pede um café, um chá se não gosta de café, e enquanto saboreia a sua bebida, olha as pessoas. Mas olha mesmo. Não é olhar a roupa, o cabelo, a condição financeira. Olha como ela se comporta, como ela se expressa, e depois de um tempo, tenta vê-la sem essa “casca” física. Um espírito. Alguém que aqui e agora está desse jeito, mas não é desse jeito. Tem muitas histórias e muitas vivências.
Coloque-se no lugar dele e você perceberá que independente de qualquer carência que possa estar visível, ele pode ter outras tantas que nem materiais são.
Caridade não é só prover do material. É ser solidário e amoroso. Tratar com gentileza, com carinho, em qualquer situação.
Entender que em muitas situações as pessoas se mostram daquela forma por razões as mais variadas e que isso pode não estar refletindo a sua essência.
E não nos compete julgar. Cabe-nos tentar ver a vida como uma jornada. Um caminho longo, com trechos floridos, trechos de chuva e de lama, mas nunca uma estrada solitária e vazia. Somos muitos e caminhamos lado a lado. Se a gente interagir com o que caminha ao nosso lado, o caminhar fica mais fácil e o ponto de chegada chega antes que a gente perceba.
Continua participando de suas campanhas de Natal, mas tenta exercitar essa caridade mais ampla no dia a dia. Em casa, no trabalho, no elevador, na fila do banco…
Depois me conta…
Maria Regina Fagnoli