DISCIPLINA, DISCIPLINA, DISCIPLINA

Muito conhecida e difundida no meio espírita é a recomendação dada por Emmanuel à Chico Xavier de “disciplina, disciplina, disciplina” como sendo condição básica para o bom e ideal exercício da mediunidade. Sendo a disciplina a conduta que assegura o bem-estar dos indivíduos ou o bom funcionamento de algo, convido-os à reflexão de como está sua aplicação em todos os âmbitos da vida.

Façamos o autoexame de como estamos utilizando disciplina em nosso viver de espíritas cristãos.

– Disciplina no pensar: nortear os próprios produtos do psiquismo, sem tormenta, mas com a decisão de corrigir-se aos poucos. Eu vigio a qualidade dos meus pensamentos? Com que frequência minha mente se sintoniza com o bom, belo, positivo, agradável e otimista? Ou frequentemente estou ruminando pensamentos de rancor, negatividade, pessimismo, inveja? Estou “pré-ocupando” minha mente com situações e expectativas para o futuro e que estão fora do meu controle gerando ansiedade? Ou, meus pensamentos vivem a remoer as situações do passado, que já passaram e não há como alterá-las provocando estados de depressão? Lembre-se da frase de Chico Xavier: “embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”.

Segundo a benfeitora espiritual Joanna de Ângelis (psicografia de Divaldo P. Franco): “serás o que penses e planejes, pois que da tua mente e do teu sentimento procedem os valores que são cultivados. Tua mente interfere sobre as células do corpo físico mantendo e gerando saúde ou desequilíbrio em forma de doença”.

Disciplina com o corpo físico: qual tem sido a sua atenção à saúde física e mental daquela é a única casa que você tem para habitar durante essa encarnação? O corpo material não funciona separado da alma. Ele é o instrumento de manifestação do Espírito encarnado; um depende do outro, portanto é preciso cuidar de ambos.

O cuidado com o corpo é abrangente e vai desde o cuidado com os alimentos e bebidas que ingerimos, à carga de trabalho que impomos ao corpo e à mente dependendo da natureza de nossa ocupação, se proporcionamos o descanso devido e como cuidamos/ vigiamos as vibrações que emanam da qualidade de nossos pensamentos.

Disciplina das funções genésicas: busco pôr luz nos impulsos da intimidade, sem repressão, mas com maturidade, para que elas não sejam geradores de tormentos, de culpas, de compromissos infelizes, francamente desnecessários?

– Disciplina no falar: observando a importância de falar o que seja conveniente aplicando os preceitos da Utilidade, Verdade e Agradabilidade. O que falo são “uvas”: trata-se de informação útil, é uma verdade e será agradável ao ouvinte? Uso a minha fala como instrumento para abençoar, apaziguar, edificar ou para amaldiçoar, guerrear ou destruir?

A boca fala do que está cheio o coração” – Mateus Capítulo 12:34.

– Disciplina nas atitudes: no relacionamento pessoal, eu espalho fraternidade, exercitando o desapego, respeitando as diferenças alheias. Eu uso meu livre-arbítrio até o ponto em que inicia o direito do meu próximo? Eu faço ao meu semelhante somente àquilo que gostaria que fizessem comigo? Na indecisão, eu me pergunto: como Jesus agiria se estivesse nessa situação?

Disciplina na fé: integração consciente com a Vida Plena, vibrando no entendimento de que o mundo é escola bendita onde as disciplinas expiatórias ou regenerativas representam as cátedras, os conteúdos, capazes de guindar a alma aos paramos da redenção anelada, conquistada gradualmente.

Guardo a certeza de que tudo está sucedendo como resultado da Lei de Ação e Reação, mantendo em mim o bom ânimo diante dos revezes da vida? Persevero na confiança de que nada é por acaso, de que “o escândalo é necessário, no entanto, ai do homem por quem ele vier” – ESE Capítulo VIII.

O treinamento de novas maneiras de pensar, falar e de agir baseadas na ordem, no bem geral, na superação das próprias possibilidades criará automatismos e reflexos que trabalharão pela nossa harmonia e saúde: física, mental, emocional e espiritual.

Faz-se necessário agir com disciplina e assumir o controle de nós mesmos. Sejamos seletivos e disciplinados sobre os valores morais que armazenamos em nossa intimidade, pois que serão esses mesmos que nos servirão de orientação e nos suprirão as necessidades durante a caminhada, servindo-nos de vitalidade, ânimo, coragem e esperança.

FÁTIMA FAGNOLI

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