Os embates travados de forma tão veemente e descontrolada em redes sociais e nas diversas situações de nosso dia a dia serviu de tema para este artigo escrito pela Gláucia
Um senhor, estudioso das obras de Kardec e admirador de Chico Xavier, procura o médium mineiro e sugere a ele que, com a ajuda de Emmanuel, atualize a obra do Codificador. Chico, mineiramente, foi desconversando. Porém, diante da insistência do interlocutor, Chico perguntou a ele o quê, na sua opinião, estaria desatualizado, ao que o senhor exemplificou: o duelo!
Chico, com a bonomia de sempre, sorriu e respondeu: – O duelo é atualíssimo! Talvez, não na forma de agressões físicas que o conhecíamos, mas por meio de insultos e violências mentais.
Poucos de nós se dão conta da atmosfera psíquica em que mergulhamos ao estabelecer diálogos imaginários ou ao criar tribunais mentais acerca dos fatos do cotidiano e das notícias dos jornais. O mesmo ocorre com as murmurações, que nos enclausuram em um diálogo conosco mesmos, aprisionando a nossa vontade e a nossa força criadora.
Na atualidade, o duelo, infelizmente, não tem se restringido ao campo mental das criaturas (o que por si só, já reputaríamos por danoso), mas têm se disseminado nas redes sociais, por meio de comentários virulentos.
Não somos contra o debate. Ao contrário, a dialética e a exposição de pontos de vista, com respeito àquele que dialoga conosco, é fonte de conhecimento e promove a reflexão. O que vemos como contraproducente e desequilibradora é a polarização em torno de ideias, em um movimento no qual ninguém se dispõe a ser convencido ou a ouvir a opinião alheia. Só vale mesmo é a exposição dos próprios argumentos, geralmente apresentados em total desequilíbrio.
Nesta suposta conversa, não há diálogo porque ninguém quer ouvir. O objetivo é atacar e “vencer” o adversário pelo cansaço.
Sem descartar que tal situação é campo fértil à atuação obsessiva. Lembramos que André Luiz, na obra Nos Domínios da Mediunidade, nos reporta a existência do psicoscópio, um aparelhinho utilizado no plano espiritual destinado medir as vibrações mentais de cada criatura.
O que enxergam os amigos espirituais quando medem a atmosfera gerada em torno de nós, por meio das nossas emissões mentais? Estamos mergulhados em um oceano de ondas mentais agradáveis ou estamos contaminando o ambiente que nos cerca? Do que nos alimentamos mentalmente? Qual o campo vibracional que carregamos conosco? Estamos drenando nossas forças psíquicas em duelos inúteis e improdutivos?
Evitemos as armadilhas dos duelos modernos. Lembremo-nos de guardar a nossa sanidade mental, preservando o ambiente que criamos para nós mesmos, aprendendo a valorizar os momentos que passamos diante da nossa consciência para a produção de um clima que nos fortaleça e estimule. Utilizemos melhor as nossas horas conosco mesmo, alimentando o nosso espírito com imagens e situações agradáveis.
Lembremo-nos da mensagem amorosa de Jesus que já nos advertia: (…)”Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração.” (MT 6:21). Onde estiver nosso pensamento, também estaremos nós.
Glaucia Savin