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E aquele próximo mais próximo?

Você tem feito caridade? Mas que tipo de caridade você tem feito? Nosso parceiro escreveu pra nós esse texto que fala sobre o assunto.

 

Jesus nos ensinou que o maior dos ensinamentos é “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”. Para isso, é muito importante o perdão e é preciso colocar esse amor em prática, com a caridade. Sem caridade, nós nada seremos.

O sujeito acaba levando isso muito a sério.

Se inscreve em trabalhos voluntários, distribui alimentos sem se preocupar com a religião do assistido. Viaja horas para entregar mantimentos em comunidades afastadas, visita asilos, dá plantões em hospitais infantis. Se um amigo está em dificuldades, larga tudo e vai até ele, só para dar um abraço.

Vai ao centro espírita todo dia! Trabalha na recepção, no atendimento fraterno, é médium de desobsessão, dá palestras e escreve artigos para sites espíritas (deixa eu “me incluir dentro desta”, como diz o outro).

Chega em casa exausto depois de um sábado inteiro de caridades, carregando caixas, dando passes, consolando um, ajudando um outro… Toma um banho, come alguma coisa e larga o corpo no sofá, para alguns momentos merecidos de relaxamento em frente à televisão.

Um filho se aproxima:

– Pai, queria te mostrar um trabalho para a escola, que estou fazendo, você pode me ajudar?

– Nossa, filho, adoraria, mas agora não posso, estou exausto, fiz muita caridade hoje, podemos deixar para outra hora?

A esposa pergunta:

– Querido, amanhã tenho um compromisso na minha igreja, você pode assumir a casa, enquanto eu ajudo por lá?

– Querida, já te disse que o espiritismo é que importa, você deveria deixar de frequentar essa igreja. Além disso, amanhã preciso voltar ao centro, ficamos de fazer um resumo das atividades deste sábado, isso é muito importante.

E aproveita para emendar uma reclamação:

– Ah, já te disse que não gosto desse tipo de salada que você deixou na geladeira e também já te falei que não é assim que ela deve ficar armazenada.

Ela esboça uma expressão de tristeza e ele retruca:

– Lá vem você de novo com essa cara de choro…

Estou exagerando? Será?

Conheço familiares de espíritas, oradores de destaque ou mesmo autores de livros que não seguiram a doutrina. Sabe por quê? Porque os filhos enxergam o espiritismo como responsável por tirar a mamãe (ou o papai) de casa.

Amor, perdão e caridade… Compreensão, paciência, respeito às diferenças (inclusive religiosas). A gente aprende isso e até consegue praticar um pouco… fora de casa. No lar, onde podemos “relaxar e ser nós mesmos”, a coisa é diferente.

Não pode ser diferente. Temos que ser nós mesmos, onde quer que estejamos. Um “nós mesmos” que acredita na prática do amor, do perdão e da caridade com todos, incluindo os nossos familiares. Ou melhor ainda, começando com eles.

O espiritismo nos ensina que debaixo do mesmo teto podem estar grandes débitos do passado, aproveitando a condição de relacionamento obrigatório para quitarmos dívidas, em definitivo.

Portanto, a caridade tem que começar em casa. Porque ninguém é mais próximo de nós do que aquele que divide conosco o mesmo teto.

José Rodrigues Passarinho

 

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