Como uma família, com filhos pré-adolescentes os orienta sobre os dias que estamos vivendo? Corrupção, dinheiro curto, escolha de políticos, valores legais, comportamento social? Faz parte do dia a dia profissional da Irene essas questões e ela nos fala um pouco sobre isso.
Há, no entanto certas perguntas que são feitas pelos pais com maior frequência que revelam o clima de insegurança quando o assunto educação aparece. Vejamos algumas delas:
Como educar as crianças desde pequenas dentro de alguns limites que são essenciais ao desenvolvimento?
Os pais devem ser permissivos?
Se não deixarem os filhos fazerem e comprarem o que desejam, isto poderia diminuir o amor da criança e do jovem por eles?
Entendemos que mais do que simples “provedores” e exemplos os pais têm que ser líderes educacionais. Educar vem do latim “educare”, e significa segundo o Dicionário Houaiss, dar a alguém todos os cuidados necessários ao pleno desenvolvimento da personalidade. Educar é ajudar a desenvolver o ser humano de dentro para fora.
Mas como educar na atualidade enquanto estamos assistindo práticas de corrupção, subornos, falta de ética, desmandos, fazendo com que filhos questionem aos pais os valores corretos. Muito comum a seguinte fala dos jovens: por que eu tenho que respeitar meus professores, meus pais, meus amigos, quando na política só se pensa nos interesses particulares?
Difícil aos pais educarem de forma correta quando a própria sociedade está perdida. Mas, lembremos o que nos ensina a Doutrina Espírita…
Primeiro: Uma educação deve ser espelhada no bom relacionamento entre pais e filhos;
Segundo: Os pais devem agir com exemplos positivos e terem uma correta comunicação de amor entre si. Devem encorajar o jovem nas dificuldades e agirem de forma enérgica na correção das atitudes quando for preciso. O jovem precisa ficar ciente de que as suas ações têm consequências para o bem ou para o mal, e que ele é responsável pelos seus atos, e que o mau proceder trará sempre punições. Entendemos que a impunidade é uma das principais causas das disfunções sociais no Brasil, principalmente da corrupção.
A educação forma os valores, os comportamentos. Quem aprende desde cedo a respeitar o próximo, a não mentir, a não tirar vantagem, a não roubar, certamente vai aplicar isso na vida adulta, nos relacionamentos e na profissão. Corrupção não é (só) algo que os políticos fazem, é não fazer o que é certo. Alguns acham que educação é só estudar até ter um diploma a qualquer custo e de qualquer jeito. Não. Educação abrange comportamento, cultura, conhecimento e prática de costumes bem fundamentados. Uma criança tem que ser bem criada com valores aplicados no seu dia a dia, aprender que ela e o outro têm direitos e deveres iguais. Se for ensinado apenas que o ter é mais importante que o ser, que o fim justifica o meio, torcendo e entendendo como ‘meio’ o antiético, o ilegal, o ‘jeitinho’, o apadrinhamento, o levar vantagem em tudo, furar fila, colar na prova, mentir, enganar, essa criança será o adulto que se acha no direito de ter tudo a qualquer custo. Perde a noção de certo e errado. Educado é o que ama o outro como a si mesmo.
E no momento em que estamos vivenciando a falta de trabalho, dinheiro “curto” para atender a tudo que o jovem deseja como ficam as relações entre pais e filhos?
Não importa a renda familiar nem o nível sócio econômico da família. Importante é ensinar o pré-adolescente a controlar os gastos. Ensina-lo a poupar. Instituir a mesada semanal fazendo com que ele poupe uma parte.
São maneiras de fazer com que ele valorize o dinheiro e que tenha responsabilidade por ele. Crianças que desde cedo lidam com a parte financeira, menores serão as suas dificuldades para lidar com o dinheiro enquanto adultos.
Dentro desta perspectiva de valorização da família sempre a base deve ser o diálogo claro da situação em que a família está vivendo, das necessidades e limitações e que todos deverão contribuir com sua parcela. Desta forma, os pais estarão contribuindo para que o jovem se torne um cidadão ético, feliz e competente.
Irene Gaviolle