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ESTAMOS ESTUDANDO OU APENAS LENDO?

O fato de ler muitos livros não significa que estamos nos instruindo. Ter horas de leitura não é a mesma que apreender conhecimento. Quer saber a diferença? Amilton conta.

Muito se fala dos espíritas, que estudam muito, estão sempre se instruindo, e por aí vai.

Mas a grande questão é: Nós, espíritas, estamos realmente nos instruindo, ou apenas lemos muito?

São duas coisas muito diferentes, eu posso apenas ler, e ler muito, mas não estudar de fato, pois estudar envolve mais do que apenas ler, envolve comparar o conteúdo que estou lendo com outras fontes, cotejar pontos de vista diversos, questionar a informação, refletir, e até mesmo rejeitar pontos que não me convençam ou que não façam sentido.

Note que, muitos falam dos livros que leram, discorrem com propriedade, conseguem lembrar-se inclusive das palavras exatas contidas no livro. Outros até mesmo da página em que o trecho é citado (isto sempre me impressionou, sou completamente incapaz de citar números de páginas, ou detalhes tão específicos, lembro-me da ideia, algumas (raras) vezes das palavras literais), porém quando perguntados sobre aspectos subjetivos da ideia, ou quando confrontados com ideia contrária ou com contestações, não conseguem argumentar, recorre-se geralmente ao velho chavão de “não criar polêmica”.

Ora, é justamente o contrário do que a doutrina prega, o adágio “Espíritas, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos eis o segundo”, nos diz que devemos não só ler, mas instruirmo-nos, e para que possamos nos instruir é necessário estudar, e estudar é mais do que muitos de nós anda fazendo.

– Quantas vezes você começou a ler uma obra espírita, e consultou sobre os assuntos abordados em outras fontes?

– Quantas vezes se perguntou se fazia sentido o que estava lendo?

– Quantas vezes consultou pessoas especialistas na área, fora do meio espírita, para conferir as diversas explicações para o fenômeno?

– Quantas vezes investigou o assunto abordado em maior profundidade, de forma a cotejar visões e opiniões divergentes sobre o tema?

Estudar é essencialmente isto, questionar-se, pensar, repensar, abrir mão de conceitos pré-concebidos e tentar ver os lados diversos da questão, e no fim formar o seu próprio julgamento, construir a sua própria opinião.

Principalmente nos dias atuais, em que há uma febre de livros, conferências, simpósios, vídeos e palestras sobre o tema do momento: “Transição Planetária”.

Faz se imperativo tratar com seriedade a questão do “estudar”. Mais do que nunca é necessário que, a cada ideia que se nos apresenta, tenhamos a sobriedade necessária para fazer a comparação com a realidade, com os dados científicos. Temos que nos lembrar do método para fazer espiritismo, preconizado por Kardec na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” (e poucos leem a introdução), o chamado C.U.E.E. (Controle Universal do Ensino dos Espíritos).

A racionalidade deve sempre acompanhar a leitura, por mais elevado e respeitável que o autor do texto seja, jamais devemos deixar de questionar, de comparar opiniões diversas, de verificar com o conhecimento científico se as afirmativas fazem sentido.

Muitas pessoas orgulham-se de ler muitos livros espíritas por mês, mas estudar requer tempo, requer atenção e dedicação.

Com a simples leitura acumulamos informações, mas informação é diferente de conhecimento, informação é adquirida, e pode ser adquirida lendo, assistindo vídeos, palestras, participando de simpósios, etc.

Conhecimento é construído, conhecimento é a informação lapidada, envolve reflexão, consulta a fontes diversas, discussão, ouvir opiniões diversas pró e contra, e então, no íntimo de cada um, construir as próprias opiniões sobre o assunto que, vale lembrar, jamais devem ser imutáveis. Novas informações sempre podem trazer novas visões, com isso podemos consolidar ou mudar nossa opinião, em qualquer das hipóteses estaremos construindo conhecimento, ou seja, estaremos estudando.

Lembre-se: Informação é obtida, conhecimento é construído.

Amilton Maciel

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