Nas últimas três décadas houve no Brasil um intensa decadência na qualidade poética, musical e emocional das canções que se ouve no rádio, na TV, na Internet, no cinema. Algumas pessoas evitam tratar do assunto porque temem ser rechaçadas, uma vez que críticas à música que o brasileiro médio consome mexem com o inexato senso de que “gosto não se discute”.
Cada um tem o direito de apreciar a música que quiser sem sentir -se criticado ou julgado por isso, É verdade. Cada qual tem seu jeito próprio de ser feliz. No entanto, se víssemos uma pessoa alimentando-se de algo tóxico, por dever de humanidade seria necessário alertá-la.
A questão essencial é, portanto, reconhecer ou descobrir o real impacto da música sobre mentes e corações, procurando oferecer às pessoas a melhor qualidade musical possível, do mesmo modo como se busca uma alimentação que propicie mais saúde e bem estar.
Do ponto de vista cerebral, a melhor música será a que favoreça a concentração, atenção e o foco, por dar ao cérebro as condições ideais para seu funcionamento. Do ponto de vista emocional, a música mais adequada será a que ajude pessoas a conhecer as próprias emoções e sentimentos, e que amplifique sua sensibilidade – ferramenta indispensável pra vida em comum.
Já do ponto de vista intelectual, as melhores canções serão aquelas cujas letras provoquem reflexão e fomentem a capacidade analítica, o senso critico e poético.Vale lembrar que a poesia diz, com palavras, aquilo que as palavras , sem poesia, jamais conseguiriam dizer.
Sob a ótica espiritual – ou abstrata – seria muito positivo se a música estimulasse valores e estados emocionais que contribuem para nossa integridade psíquica, ou seja, a capacidade de dizer, sentir, fazer, pensar e desejar sem contradições.
O que tem justificado a baixíssima qualidade da música que o povo, em massa , atualmente consome é a alegria. Vários artistas se defendem diante das críticas à falta de qualidade daquilo que cantam, argumentando que o povo também precisa de alegria. Sim, sim e sim! Mas a alegria também pode ser sábia e profunda e, mesmo assim, não descartar de forma alguma a frivolidade divertida. Não, não!
Frivolidade divertida é como bala de caramelo. Diverte a criança interior. Mas quem se alimentasse só de doce por certo adoeceria … Trata-se, então, de alimentar o coração com o mesmo cuidado com que se alimenta o estômago. Portanto, gosto se discute, na medida em que o paladar musical não refinado conduz as pessoas a nutrir mal sua inteligência, emoções e desejos.
Por fim, sugiro que as pessoas que procurem aprimorar seu gosto musical, ouvindo Almir Sater, Maria Betânia, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Cartola, Ivone Lara, Vinícius de Moraes, Milton Nascimento,Simone, Lizt, Beethoven, Mahler, Vivaldi, Mozart, Steve Wonder, Barbra Streisand, Michel Legrand, Bach, Jacques Brel… Na verdade não haveria espaço suficiente para citar todos os nomes que fazem da música uma grandeza humana.
Ouça boa música e alimente sua alma de luz!