Ah! Não esqueçam de nossa seção de obras indicadas, ou não, né? Aproveitem as nossas dicas de leitura. Escolhemos sempre com carinho alguma obra que recomendamos e que consideramos essencial ao aprofundamento na doutrina espírita. E, como também tem obras que a gente não recomenda, aproveitamos o espaço para expor nossos pontos de vista, sabendo que nossas opiniões podem não coincidir com as suas. Afinal, o Espiritismo se fez com o debate e com a discussão sobre as respostas dos espíritos e queremos, aqui, manter essa valiosa tradição.
DIRETRIZES DE SEGURANÇA
Autores: Divaldo Franco e Raul Teixeira
Editora Intervidas
No estudo da mediunidade, surgem questionamentos sobre a postura do médium diante de várias situações, muitas vezes, inusitadas que ocorrem nos trabalhos mediúnicos e na sala de aula. Além disto, o livro trata com bom humor os cacoetes e viciações comuns aos médiuns menos educados.
Neste livro essencial a todos aqueles que procuram se aprimorar no exercício da mediunidade, Divaldo Franco e Raul Teixeira, amparados por Joanna de Ângelis e Camilo, oferecem respostas a centenas de perguntas, passando por temas como mediunidade, médiuns, grupo mediúnico, desenvolvimento mediúnico, comunicações, doutrinação, mentores e passes, que são tratados de forma clara e objetiva.
Perguntas como: o médium, pela sua faculdade, está mais sujeito às obsessões?; a comunicação de um mentor é indiscutível?; a alimentação vegetariana será a mais aconselhável para os médiuns em geral?; são respondidas de forma franca, tendo como único compromisso a verdade.
Sem dúvida, uma obra obrigatória que traz diretrizes de segurança para o desenvolvimento da mediunidade, fundamentada na seriedade do seu exercício e no amor que deve pautar todas as nossas ações fraternas.
Glaucia Savin
NÃO SERÁ EM 2012
Autores: Marlene Nobre e Geraldo Lemos Neto.
Editora: Fe Editora Jornalística
O Livro em questão, lançado junto com um DVD e um documentário, pretende trazer aos leitores uma suposta revelação feita pelo médium mineiro Chico Xavier, em 1986, pessoalmente para Geraldo Lemos, sobre uma “moratória” que Jesus e um conselho de espíritos “angelicais” teriam dado para o nosso planeta, de 50 anos, antes de destruir tudo, ou seja, zerar a raça humana.
Esta data-limite seria o fim do mundo com o conhecemos.
Um texto explicando minuciosamente toda a crítica a esta obra, seria bastante extenso, por isso vamos nos ater aos pontos principais que, a nosso ver, são bem problemáticos.
Em primeiro lugar devemos atentar para o fato de que esse Jesus apresentado, é um Jesus totalmente estranho, com pendores de tirano planetário, com desejos de exterminar a humanidade se determinadas condições não forem cumpridas (no caso alegado se a humanidade entrasse em um novo conflito global, ou conflito nuclear), totalmente diverso do Jesus que pregou tolerância, amor ao próximo, auxílio aos necessitados, o Jesus que morreu crucificado clamando aos céus perdão para aqueles que o supliciavam. É difícil acreditar que seja o mesmo Jesus, uma ora um ser de amor extremo, de tolerância e aceitação, de bondade exacerbada, de outro um ser ditatorial, com pendores de genocida. Definitivamente não acreditamos em um Jesus bipolar e, portanto, não é crível este Jesus que o livro apresenta.
Em seguida nos perguntamos, se Chico sabia desta previsão desde muito tempo, por que ele mesmo não revelou? Afinal para alguém que escreveu mais de 400 obras, e um número muito maior de comunicações psicográficas, que deu entrevistas e fez tanta divulgação, não faltariam canais por onde se expressar, e tampouco se furtaria a revelar tão importante evento, que seria crucial para os destinos da humanidade.Os autores buscaram apoio para seus argumentos em diversas profecias reveladas pela bíblia e escritos evangélicos, lançando mão de citações do Apocalipse de João, profecias de Lucas, Daniel, Ezequiel e Zacarias, todas tomadas de trechos parciais e fora de contexto, em que os profetas faziam previsões para sua época, e não para a época atual, como por exemplo a profecia de Lucas, citada no livro, que encontramos no Livro de Lucas (21:20) que prevê a destruição de Jerusalém, e que sabemos que se referiam aos tempos de Lucas, Jerusalém foi realmente destruída 3 vezes pelo menos, por Nabucodonosor em 587 A.C, pelo imperador Tito em 70 D.C e em 135 por Adriano, e é uma opinião relativamente geral entre os historiadores que Lucas se referia ao certo de Tito a Jerusalém em 70 D.C, porém o livro cita a profecia fora de contexto, como se fizesse alusão ao futuro.
As outras profecias igualmente caminham no mesmo terreno, com citações e análises de trechos fora de contexto, que já se sabe, faziam referências à eventos já ocorridos há muito tempo.
O livro também tenta se apoiar em A Gênese, de Allan Kardec, sobre as transformações que a terra passaria, tentando traçar um paralelo entre os ditos de Kardec e a suposta previsão de Chico Xavier, porém sem contextualizar e deixando vaga a referência, em uma clara falácia de apelo à autoridade (Se está em A Gênese, deve ser verdade!). Na verdade Kardec fala da transformação contínua pela qual a humanidade passou, passa e passará, pois esta é contínua, que é o melhoramento dos espíritos que aqui encarnam, e nada fala de fim dos tempos, punições para aqueles que não se comportarem, nada disso.
Para Kardec este processo de transformação claramente traz conflitos de ideias, revoluções humanas, no sentido de transformações, nada fala de desastres naturais, Jesus descendo dos céus com seus anjos tocando trombetas para acabar com tudo.
Em resumo, o livro traz interpretações de escritos da bíblia, de diversos profetas, com embasamento fraco e parcial, uso de elementos da codificação de maneira claramente tendenciosa e imprecisa, e uso do nome de Chico Xavier, que é um médium bastante respeitado no meio espírita, como forma de dar autoridade para uma obra fraca, em flagrantes contradições com a doutrina espírita e com o legado de Jesus.
Amilton Maciel