Natal e os presentes. Como em tempos de verdadeiro culto ao consumo, podemos aproveitar essa época para trabalhar em nossos filhos essa relação tão delicada entre o ter e o ser?
Natal, época de confraternização, vivência com a família, celebração do nascimento de Jesus e também troca de presentes, e aí nos perguntamos: Será que não exageramos nos gastos, e que modelos podemos deixar aos filhos quando damos a eles tudo o que desejam?
Será que estamos comemorando o Natal com nossas famílias de forma sustentável?
Tentando responder a este questionamento, em diversos lugares de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” e o” Livro dos Espíritos”, Allan Kardec, fala da responsabilidade dos pais pela educação dos filhos. Fica claro que se os pais são os responsáveis pela educação também são eles que devem frear o consumismo infantil, bem como fazer do Natal um momento de celebração da família, união dos afetos e demonstração de muita alegria.
Mas, esta é uma tarefa difícil onde o consumismo impera entre adultos e crianças e os bens materiais nos servem não somente como ingressos sociais, mas como uma forma de demonstração de afeto.
Pensando mais a respeito podemos entender que o dinheiro impõe limites à nossa vontade. Não podemos comprar tudo o que desejamos. Quanto mais conhecimento uma pessoa tem, maior é o número de frustrações. Entre um CD, um livro e um ingresso de um show, quem estabelece o limite da compra também é o dinheiro, se os três empatarem nas priorizações. Se comprar um, perde o poder de compra dos outros dois.
Existem pessoas que nem curtem o que compraram, sofrendo pelo que deixaram de comprar. Isso sim é um grande desperdício de dinheiro. Como não ficam satisfeitos com o que compraram, logo querem comprar outra coisa e assim, não há dinheiro que chegue!
Lembremos que quando se toma um caminho, deixou-se de tomar outro. Felicidade é não chorar pelo caminho não tomado, mas usufruir o caminho escolhido. Todo gasto é um caminho.
Na educação infantil, se uma criança não for educada com limites, ela sempre vai achar que pode comprar tudo, já que a mãe e/ou pai sempre tem dinheiro no bolso. O foco dela está no objeto que ela quer e não como o dinheiro entrou no bolso dos pais. Assim, o limite de gasto da criança não existe naturalmente. É um conhecimento que tem que ser construído dentro dela e cabe aos pais ajudá-la nesta tarefa.
Então, cabe aos adultos fazerem uma reflexão, uma autoanálise. O Natal deve ser uma data de celebração, uma data que enfatiza valores, de tradições e união familiar e a troca de presentes também faz parte da celebração. Mas, incentivemos as crianças a fazerem os próprios presentes, seja uma cartinha, um recorte, uma colagem, um desenho que os pais elaboram junto com os filhos. Podemos também incentivar as crianças que doem brinquedos e roupas usadas para que os novos brinquedos cheguem. Além da união familiar estaremos contribuindo com que as crianças desenvolvam os reais valores do Espírito: amor, desapego e caridade.
Irene Wenzel Gaviolle