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O BULLYING DA INDIFERENÇA

Por trás de tantos episódios de violência e intolerância que estamos assistindo existe uma causa  passando despercebida. Ninguém melhor que o Adeilson para falar sobre isso.

Adeilson Salles

As grandes tragédias nascem das pequeninas tragédias domésticas.

Não me refiro as desavenças e discussões que são notadas e sentidas por seus protagonistas, falo das violências emocionais fomentadas pelo egoísmo e a indiferença.

A sociedade moderna experimenta uma epidemia de graves proporções no que se refere ao desvalor da vida para os que não conseguem administrar a ausência de sentido em suas vidas.

Os jovens que usam a escola como palco de manifestações violentas desejam chamar a atenção sobre si, da profunda dor que experimentam em suas almas.

A indiferença dentro do lar é o gatilho das maiores dores humanas.

É o bullying instituído em família.

Entre pais e filhos, entre casais.

E todos buscam os estereótipos de felicidade nos modelos modernos, games eletrônicos, que lentamente vão introjetando mais competição e mais desarticulação psicológica em quem os pratica.

Shopping Centers e suas vitrines, anestésicos emocionais para quem não vê sentido na vida, além do prazer que o consumo oferece.

Enquanto isso nos afastamos cada vez mais da nossa essência espiritual, nos alienando, e deixando de nos nutrir do que pode de fato aliviar e curar nossas dores.

Já somos capazes de saltar para além da estratosfera no afã de colonizar outros planetas, mas não estabelecemos um caminho para o coração dos que convivem conosco.

O que nos mata não é a fome, ou as guerras, é a indiferença promovida pela ausência de amor.

Há solução?

Sim, existe saída, que não demanda altos investimentos financeiros, precisamos voltar para casa.

A casa de alvenaria?

Não, precisamos revisitar a nossa intimidade espiritual e depois disso retomar os valores éticos morais que o lar oferece.

Ainda é a família a solução, não existem novidades mirabolantes.

A grande novidade é o amor, é a família, tenha ela a configuração que tiver.

Adultos e jovens que se manifestam agredindo e matando são os enfermos graves desse grande hospital chamado Terra.

E a indiferença vai anestesiando os nossos sentidos a ponto de nos fazer esquecer quem somos de fato.

Dizem que o cúmulo do absurdo é morar sozinho e querer fugir de casa.

Essa é a representação clássica dos transtornos emocionais desses dias, o homem não consegue conviver consigo mesmo, porque compra os valores fugazes que o mundo vende.

Ainda testemunharemos mais gritos de socorro, até que despertemos para a grande necessidade que temos de amarmo-nos uns aos outros.

Estamos com fome de valores essenciais para nossa existência e experimentamos profunda anemia afetiva.

Cabe a cada um de nós ser um agente transformador e combater a indiferença do olhar seletivo, da religião como verdade absoluta, do maniqueísmo que cega o pensamento.

Quando o desespero bate o homem corre atrás de templos religiosos para que Deus resolva o que lhes cabe resolver.

Enquanto isso, Deus procura corações de boa vontade para edificar o reino dos céus na alma humana.

Precisamos da quimioterapia da dura realidade da violência nas escolas para matar as células cancerígenas da indiferença que faz sangrar de dor o coração humano.

Antes que o organismo social morra, precisamos de amor.

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