As semelhanças que nos encontramos nas dificuldades que todas as casas espíritas encontram na execução do seu trabalho. Falo um pouco sobre isso, mas também que apesar dos problemas, o entusiasmo pelo trabalho ainda é sempre mais presente
Cada vez mais vemos surgir casas espíritas no Brasil. E particularmente nos sentimos muito felizes em saber que tantos se dispõem e ter um local para acolher as pessoas que chegam trazidas pelos mais variados motivos.
Na estrada com Kardec, que é como nos sentimos visitando essas casas, levando um pouco de conhecimento e muito da nossa experiência no trabalho espírita, constatamos as semelhanças em suas dificuldades, seja nas mais bem aparelhadas, como nas mais humildes.
Os relatos das necessidades são muito parecidos. Todos sem exceção, cheios de disposição para o trabalho, ideias e projetos para colocar em prática, mas na maioria das vezes desanimados diante da falta de trabalhadores e das dificuldades de sobrevivência.
Abrir uma casa espírita requer todo um aparato administrativo-financeiro que muitos desconhecem. A manutenção de uma instalação física custa e caro por mais humilde que ela seja e em sua grande maioria, as instituições não tem atividades que gerem uma receita fixa que pague suas despesas todo final de mês.
Precisam muitas vezes recorrer a eventos, recebimento de doações e outras formas incertas para ao final do mês poder fechar as contas.
Mas por incrível que pareça, quando estamos em visita, eles nos contam essas dificuldades práticas sem fazer com que sejam o foco do seu dia a dia. A maior importância é sempre dada ao trabalho. A ânsia de querer fazer um acolhimento bem feito, abraçar todos que chegam, orientar e de alguma forma fazer com que todos se interessem pela doutrina e passem a querer conhece-la.
É muito bonito de se ver. Grupos, às vezes, muito pequenos.
Em outras instituições, pessoas que já trabalham há muito se revezando nas funções, reconhecem a falta de mais braços, mas não esmorecem.
A perseverança fala sempre mais alto, mas a dificuldade de renovação e capacitação dos trabalhadores, é uma característica comum em todos elas.
Pessoas que gostam do trabalho na doutrina, mas não querem assumir atividades na administração da casa.
Aliás, é sempre um ponto sensível: a administração. Muitos não se sentem capazes, outros trabalham em reuniões mediúnicas e acham que as dificuldades do dia a dia da administração podem comprometer seu desempenho no atendimento espiritual, falta de tempo e medo de assumir um trabalho que requer tal grau de envolvimento, completam a lista de argumentos…
O que costumamos dizer a todos eles:
Que se a gente esperar ficar pronto para o trabalho, qualquer que seja ele, nunca o faremos, porque não estaremos.
Que todas as posições dentro da casa são importantes e vitais e precisamos, na medida do possível nos envolver em todas elas.
Que se não houver quem administre, as outras atividades correm o risco de não existir também.
Que aceitem o desafio de conhecer e desenvolver uma outra atividade, dando sua contribuição porque precisamos estar atentos ao chamado para o trabalho.
E acima de tudo confiem em Jesus, que não desampara nunca quem se dispõe a trabalhar; na espiritualidade sempre trabalhando ao nosso lado; nos companheiros com quem dividirão a tarefa; e que acima de tudo não tenham medo de colocar à prova todos os ensinamentos que receberam transformando-o juntamente com a sua fé, em ação.
Regina Fagnoli
Perfeita colocação. As razões para o não envolvimento são muitas e provavelmente sinceras, mas precisamos supera-las pelo bem da casa e do trabalho que nos dispomos a fazer. A gente chega lá, afinal não estamos sozinhos, mas com a participação de todos seria mais rapido. Obrigada pelo artigo.