A frase que dá título ao nosso texto é de Joanna de Angelis e pode soar estranha ao olharmos para as nossas próprias imperfeições, tão humanos somos e, quantas vezes, cruéis e desalmados.
Ao nos vislumbrarmos como exemplo da criação, é isto mesmo que vemos. Uma imagem um tanto quanto deformada e nos custa acreditar que a frase possa fazer sentido.
O que ocorre é que ao nos tomarmos por medida de todas as coisas, captamos apenas um momento do desenvolvimento do nosso espírito imortal, que não capta toda a sua história, mas apenas um pedacinho dela.
Ao estudarmos o Livro dos Espíritos, vemos que mesmo aqueles espíritos mais evoluídos que trabalharam com Kardec na codificação desconheciam o momento em que foram criados (Questão 81).
Tenho para mim que o nosso espírito “nasce”, por assim dizer, para cada um de nós, no momento em que tomamos consciência de nós mesmos; é aquele momento em que, tal qual Adão, nos vemos nus diante da Divindade e percebemos o quão imperfeitos ainda somos para habitar um “paraíso”. Já não somos inconscientes como os animais e as plantas que nos cercam e já somos capazes de compreender, nesse momento, que há muito para aprender.
E esse espírito que desperta e “nasce” para a eternidade, tem uma vida de aprendizado pela frente. Para o espírito, parece não ter fim, principalmente quando vinculado à matéria densa que lhe impõe o peso do tempo.
Porém, para Deus que criou todos os espíritos, no entanto, o tempo não existe.
Mas, como imaginar um tempo sem tempo?
À medida em que qualquer objeto avança na velocidade da luz, o tempo se reduz em relação a um objeto semelhante que está na Terra. Nossos cientistas já nos explicaram isto ao mostrar o que se chamou de “paradoxo dos gêmeos”. Se um gêmeo viaja pelo espaço, a grandes velocidades, e o outro fica na Terra, o tempo passa mais devagar para aquele que está no espaço. A Estação Espacial Internacional se desloca a 27 mil km/h (relativos a um ponto fixo na Terra). Isso significa que, ao longo de 342 dias, tempo que ele passou no espaço, um dos irmãos ficou 8,6 milissegundos mais jovem. Tecnicamente, viajou no tempo – mesmo que apenas um pouquinho.
Ainda não conhecemos velocidades que superem a velocidade da luz. Então, esta será a nossa hipótese de trabalho.
Se a Mente de Deus trabalha na velocidade da luz (supondo que esta seja a maior velocidade que uma onda ou partícula pode chegar), ao nos criar , Deus nos cria perfeitos porque para o Pai, não sujeito à matéria, o tempo não existe. Então, ao nos criar, Deus já nos vê em nossa plenitude, como anjos.
Toda a trajetória do espírito existe para cada um de nós enquanto nossa mente não se liberta da matéria densa e não consegue superar o jugo do tempo. Ao passo em que evoluímos, nos libertamos das amarras que nos prendem à matéria e nossa mente passa a vibrar na mesma frequência da mente do Criador. Nos libertamos do ciclo dos anos e atingimos a perfeição.
Deus povoou o universo com seres perfeitos. O tempo (ou a sua ausência) nos mostrará que Joanna tem razão: o espírito é a mais bela obra da Criação.
GLAUCIA SAVIN