Um dos pontos mais questionados quanto à possibilidade da reencarnação se refere ao esquecimento do passado. Como acreditar que já tivemos outras vidas se não nos lembramos quem fomos ou o que fizemos, uma vez que tudo fica arquivado na memória do espírito?
Fator que corrobora a aceitação do dogma da reencarnação, com base no esquecimento do passado, é que a cada encarnação nosso cérebro será reconstruído com uma nova estruturação neural para atuar em tudo aquilo que possamos resolver durante a vida terrena. Isto se dá pela quantidade de redes neurais que teremos condições de gerenciar.
Este gerenciamento é tudo aquilo que trazemos à nossa reflexão ou zona lúcida, também conhecida como Ego; por outro lado o conteúdo não acessado da memória (uma das faculdades do espirito) é chamado Inconsciente ou Subconsciente.
E porque há necessidade de se montar um cérebro diferente ao da última encarnação?
É que se em uma nova vida tivéssemos o cérebro exatamente igual ao da anterior, agiríamos exatamente como na vida anterior ao vivenciarmos situações semelhantes.
Imaginem um indivíduo extremamente inteligente que usou seu potencial de conhecimento para fazer o mal. Provavelmente ele renascerá num corpo cujo novo cérebro será problemático, não atendendo aos comandos do espírito. Isso certamente criará um questionamento nesse espírito, ou seja, ele vai querer saber porque antes ele tinha o controle sobre o corpo e agora não o tem. Espiritualmente ele sabe que há algo errado, mas não tem consciência do porquê.
Uma das coisas mais difíceis para o espírito é mudar sua forma de pensar, por isso a evolução é lenta e gradativa. Ao analisarmos a atual existência vamos verificar que nossa forma de pensar é a mesma, ainda que tenhamos passado por experiências significativas que nos levariam a mudar a conduta, caso nos conscientizássemos da responsabilidade de nos preservarmos. Mas não mudamos!
Muitas vezes o contínuo descontrole emocional, causado por ansiedade, nervosismo e inconformismo, sobrecarrega o nosso coração, nos levando a uma hospitalização emergencial.
Durante o período de convalescença, nos comprometemos a ter autocontrole, sermos pacientes e tolerantes. Contudo, o cumprimento desta promessa normalmente dura pouco, nos esquecemos dela e voltamos a agir, de forma natural, como antes da hospitalização. Isto porque não consolidamos as novas redes neurais, que comandam as nossas reações físicas, por não sermos persistentes em nossa promessa.
Por isso Jesus nos alertou: Larga é a porta da perdição, e estreita é a do bom caminho. O bom caminho é o trabalho que realizamos para mudar nossa forma de ser e, consequentemente termos automatizado o uso da nova rede neural – o que demonstrará a nossa nova postura. Da mesma maneira que esquecemos a promessa, por não termos a rede neural para cumprirmos o prometido ao nosso atual cérebro; ao reencarnarmos com um novo cérebro, não temos nele as redes neurais que nos possibilitariam lembrar de vidas passadas. Este fato é denominado Véu do Esquecimento.
Norberto Gaviolle