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O MAL É O REMÉDIO?

O Capítulo V de O Evangelho Segundo o Espiritismo traz um texto presente nos meus estudos e que sempre me provocou a pensar: O Mal e o Remédio, de Santo Agostinho.

O fato é que ele nos leva a refletir sobre o quanto ainda vamos precisar do mal como remédio.

Não gosto de sofrer e acredito que você que nos lê tem a mesma opinião que eu. Salvo casos patológicos, o sofrimento não é uma escolha pessoal, mas uma imposição que se nos apresenta para nos auxiliar a corrigir as nossas imperfeições.

A tradição judaico-cristã sempre valorizou o sofrimento como forma de expiação das imperfeições. O sofrer era visto quase como uma virtude. Mas, até quando vamos precisar sofrer?

Joanna de Angelis, no livro O Despertar do Espírito, nos ensina que a maturidade psicológica é um processo de experiências felizes e ingratas. Explica, ainda, que o ser emocionalmente estável não se exalta diante do sucesso e nem se deprime diante do fracasso.

Então, qual a função do sofrimento nisto tudo?

A função é unicamente a do despertamento das nossas potencialidades positivas para combater a nossas imperfeições. Sofremos por tudo aquilo que não aprendemos espontaneamente.

Quando estou diante de uma situação da vida e digo: “isto sempre acontece comigo”, tenho que prestar atenção porque, certamente, estamos diante de uma prova, ou seja, de uma situação que deveria ter nos ensinado um caminho ou uma solução diferente e ainda não a enxergamos. No momento em que paramos de dar as mesmas respostas para os velhos problemas, eles deixam a nossa vida. Passamos na prova!

A espiritualidade não é sádica. Eles não gostam de nos ver sofrer.

Aliás, no O Evangelho Segundo o Espiritismo, os espíritos nos explicam que Deus é um Pai melhor do que os pais humanos e afirmam que se nós, que somos imperfeitos, sofremos com a dor de um filho, nosso Pai também se compadece das nossas aflições.

Aí é que entra a saída para as dores. Quanto mais rápido nos propusermos a aprender, quanto mais nos conhecermos e entendermos as nossas deficiências morais e as ações necessárias para mudarmos, mais rápido vamos deixando o sofrimento para trás. Ele vai deixando de ser necessário para o nosso aprendizado na medida em que amadurecemos e compreendemos como corrigir a nós mesmos sem a cutucada da dor.

Para isto, temos que nos autoconhecer. E o que isto significa? Significa que temos que ser super sinceros conosco mesmos e parar de arrumar falsas desculpas para as nossas falhas e vícios de comportamento. Significa que é sempre melhor corrigirmos a nós mesmos do que esperar a cutucada da dor.

Não é tão difícil. É só observar as nossas reações e sentimentos diante das situações que nos desestabilizam. O que nos desequilibra? Aí é que estão as nossas fragilidades. Se você não consegue ver e tem filhos, pergunte a eles (filhos sempre conhecem as nossas fraquezas melhor do que nós mesmos).

Amar-se significa conhecer a si mesmo, corrigir-se e gostar da imagem verdadeira que se projeta como fruto das nossas correções.

A dor? Essa pode ficar no passado.

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