Na correria do dia a dia, muitas vezes não nos apercebemos das pessoas que fazem parte da nossa vida, morando ali do outro lado do corredor. No mundo vasto de nossa imaginação, ficamos pensando em como seria nos relacionarmos com seres de outros planetas. Leia a bela reflexão da Glaucia.
“Não é preciso saber se há vida nos outros planetas. É preciso amar o vizinho, só isso”.
Ganhei um livro de mensagens psicografadas pelo médium Adriano Quadrado e a frase acima me impactou profundamente. Essa é a função das boas palavras: o impacto positivo que nos leva à reflexão.
O tema me impactou porque eu adoro as pesquisas espaciais e sou fã de carteirinha da NASA desde criança. Sempre quis ver Júpiter de perto. Quando a sonda Juno mostrou as imagens recentes do planeta, em alta definição, e todos pudemos ver as luas, a grande mancha e a imensidão de gases coloridos circundando o planeta, foi uma emoção para mim.
Mas o livro me levou a pensar o que poderíamos fazer se encontrássemos vizinhos distantes, de outros mundos? E se ele resolvesse morar no nosso prédio e virasse nosso vizinho? Será que os trataríamos com a indiferença que dedicamos aos vizinhos de porta?
Afinal, para quê queremos expandir a nossa rede de relacionamentos para além dos limites da nossa galáxia se mal damos conta das pessoas reais que conhecemos e que fazem parte do cenário em que se desenrola a vida de cada um de nós? Que tempo teríamos para dedicar a eles, depois de passada a curiosidade inicial sobre o seu modo de vida e sua constituição biológica? Iríamos criar uma rede social para mantê-los a distância segura, como se faz hoje em dia com as pessoas que conhecemos?
E falando em modo de vida, será que saberíamos respeitar as diferenças entre eles e nós?
Nós, que mal conseguimos lidar com as diferenças históricas entre árabes e judeus e, mais recentemente, entre muçulmanos e cristãos, como é que lidaríamos com alguém que, provavelmente, vai ter valores muito diferentes dos nossos? Seria um aprendizado ou iniciaríamos, em pouco tempo, uma guerra planetária do tipo “terráqueos” contra “extraterrestres”?
Pois é! Sonhamos sempre com aquilo que está longe do nosso alcance. Essa é a função dos sonhos. Nos levar para outros mundos e universos que nos tragam outras referências e paisagens; que nos mostrem desafios e cenários diferentes daqueles que compõem a nossa realidade. Cecília Meirelles falava que era uma pastora de nuvens! Eu adoro essa imagem e muitas vezes me sinto assim.
Mas os sonhos não podem provocar o descolamento da nossa realidade. Se isto acontece, perdemos o chão onde se desenrola a nossa vida real, – aquele cenário encarnatório que ajustamos com tanto carinho junto aos mentores que endossaram as nossas súplicas para retornar, por meio de uma nova oportunidade.
O nosso vizinho faz parte desse cenário, assim como a família que nos acolheu e o país em que nascemos. Tudo o que está no nosso caminho é oportunidade de aperfeiçoamento e de realização do bem.
Daí, é que não dá para procurar extraterrestres em paz e deixar o vizinho na chuva porque ele esqueceu a chave de casa.
Glaucia Savin