Refletir sobre este tema que está no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. IX, Bem Aventurados os Mansos e Pacíficos, nos leva a pensar porque Jesus enfatizou tais virtudes.
A obediência e a resignação são duas virtudes muito ativas, mas o homem normalmente as confunde com falta de vontade. No entanto, são forças ativas que, quando bem desempenhadas, levam o homem a carregar as suas provas de modo consciente e dinâmico, não dando assim margens à revolta.
A revolta leva o homem à incompreensão, esta, por sua vez, à cólera e por conseguinte a não aceitação das dificuldades.
Quando somos obedientes colocamos em ação o nosso raciocínio; quando somos resignados colocamos em ação o nosso coração, os nossos sentimentos. Mas obediência não quer dizer automatismo, passividade, sem o exercício da própria vontade.
Será que o Cristo espera que sejamos sempre obedientes e passivos, sem falta de vontade? É certo que não. Sejamos obedientes às Leis de Deus, que se resumem na máxima: Amar a Deus e ao próximo como a nós mesmos.
Cada época da Humanidade é marcada por uma virtude ou um vício predominante. Na época de Jesus a sociedade primava pela corrupção e Ele na sua bondade veio e trouxe o Evangelho.
Na atualidade, a virtude é a atividade intelectual e o vício predominante é a indiferença moral. Todos esses impulsos vêm levar o homem ao progresso espiritual. Mas como conseguir este progresso se ainda somos preguiçosos, se ainda somos egoístas?
Através de muita reforma interior, burilando os nossos atos, melhorando nosso convívio com aqueles com quem vivemos – seja no lar, no trabalho – sendo verdadeiramente cristãos.
A vontade é a chave de todas as nossas conquistas, em todas as áreas de trabalho. Cada um de nós já teve provas de que, quando nos dispomos firmemente a conseguir algum propósito, assim o obtemos. Façamos uma retrospectiva de nossos tempos escolares, nosso primeiro emprego, nossas necessidades materiais, tudo que tanto lutamos para conseguir e ter mais conforto.
Devemos aplicar esta mesma vontade em direção aos nossos valores espirituais. Sermos obedientes e resignados quando chegarem as provas mais difíceis. Aceitando com paciência aquilo que nos aflige no momento. Sabemos que estamos na Terra e que muitas provas ainda iremos passar. Estas dores e dificuldades vêm como consequência de nossas faltas passadas, e também desta nossa própria existência.
Se praticamos atos maus, se nos deixamos levar pelo caminho dos vícios, se prejudicamos o nosso próximo, vamos ter que responder por aqueles erros que cometemos.
Vamos aprender a não lamentar a nossa sorte, não ficar chorando pelo que está nos acontecendo. Muitas vezes, bem sabemos que estas dores nos calam fundo e são difíceis de suportar. Entretanto, pondo em exercício a nossa vontade na prática do bem, este sofrimento vem como um burilamento para o nosso espírito.
Possuímos o grande recurso da prece. Ela acalma, orienta, nos dando novos rumos, pois quando é feita com sinceridade nossos amigos espirituais vem em nosso socorro e, vendo nossas necessidades, nos auxiliam acalmando nosso espírito.
Para encerrar, vale a pena fazermos uma reflexão com as colocações de Joana de Ângelis no livro Autodescobrimento: “A vida é rica de convites ao progresso, em iguais condições para os indivíduos. Mesmo aqueles que oram, se apresentam limitados ou aparentemente impedidos, não se localizam fora do processo, por estarem incursos nos imperativos da reencarnação, que alcança todos os que se comprometeram com a ociosidade e a delinquência, convidando-os ao reequilíbrio, à reparação. Passo a passo, realização a realização, o ser libera os potenciais adormecidos, e com entusiasmo ascende moralmente, enquanto adquire os conhecimentos que o intelectualizam para atender as Leis da Vida.”
Irene Wenzel Gaviolle