No quarto capítulo do livro Constelação Familiar, intitulado “Os Filhos”, o Espírito de Joanna de Angelis afirma que a relação filial é extremamente importante no interior da família pois esse vínculo é essencial para a evolução e o progresso espiritual da sociedade humana.
A chegada dos filhos permite uma renovação familiar, em que as atenções do casal devem ser estendidas a esses novos seres que acabam de chegar. No entanto, há, em alguns casos, uma dificuldade de compreensão deste momento, e das ações e sentimentos que devem ter lugar nesta nova configuração familiar. Nessa ocasião de mudança, é imprescindível que o casal tenha consciência e desprendimento suficientes para alargar seus laços de amor, permitindo a plena inclusão dos novos integrantes. Para isso, é necessário que pais e mães estejam dispostos a exercer, incansavelmente, a virtude da paciência e do altruísmo, do colocar-se no lugar do outro e fazer transbordar o sentimento de amor e zelo, para além da relação conjugal.
A aceitação dessa nova condição como uma etapa necessária da evolução do espírito, torna-se, para os espiritualmente mais imaturos, uma tarefa muito árdua e, não raras vezes, eles abandonam essa importantíssima etapa de evolução com muita facilidade. Os filhos representam um fruto que carrega consigo seus dilemas, problemas e dificuldades, adquiridos através de seu histórico de encarnações, o qual determina suas eventuais limitações físicas e mentais. É preciso sabedoria por parte dos pais, para compreender que essa situação consiste numa grande oportunidade para o exercício do amor, da ternura e da compaixão e, consequentemente, para a evolução de seus espíritos. Assim sendo, pais e mães não devem encarar eventuais dificuldades físicas, mentais e mesmo emocionais dos filhos como se elas fossem uma desgraça e constante motivo de tristeza mas, ao contrário, como um degrau seguro que deve ser galgado para a melhoria e evolução da vida do espírito.
Não podemos esquecer que, no cenário familiar, os personagens mudam de acordo com as encarnações. Essa alternância pode explicar os conflitos e crimes que, por vezes, ocorrem no interior do círculo familiar. Para a superação e reversão dessa circunstância de sofrimento e conflito, é absolutamente necessário fundar as relações familiares com base na convivência responsável, na compreensão e no perdão. Nesse sentido, o papel dos pais é fundamental para que os filhos de hoje sejam bons pais no amanhã. Assim, a organização familiar e doméstica é a fundação da sociedade e das relações de amizade, sociais e profissionais. Joanna de Angelis afirma: “ (…) os filhos devem aos pais – mesmo quando estes não conseguem desincumbir-se de maneira feliz do compromisso abraçado – gratidão e respeito pela oportunidade abençoada do renascimento no corpo físico, no lar de que necessitavam para evoluir.”