O Evangelho Segundo o Espiritismo possui pérolas que, muitas vezes, nos passam despercebidas à primeira leitura.
A frase que dá título ao nosso texto é uma dessas pérolas. Ela inicia o item 15 do Capítulo X.
À primeira vista, quando o indivíduo se sente vítima de uma injustiça, a frase pode parecer não ter sentido. Não estamos acostumados a enxergar o perdão sob o ângulo da nossa própria evolução.
Na conversa com os espíritos desencarnados, geralmente, todos se sentem credores daqueles a quem obsediam. Estes, por sua vez, se apresentam como vítimas de daqueles a quem nos acostumamos chamar de obsessores. Quem tem razão?
Em geral, quando se analisa o drama, vemos que são histórias cíclicas. Os personagens, ora ferem, ora são as vítimas. O ciclo se perpetua pela ausência do perdão; pela incapacidade dos envolvidos em cessar a repetição do roteiro que acaba se traduzindo em um drama infinito.
E, onde entra a nossa parte na história?
Para perdoarmos aos outros, precisamos nos perdoar primeiro, diz o Evangelho.
Vamos entender melhor o recado: Quando nos sentimos atingidos? Quando algo nos toca e nos faz sentir vítimas de uma agressão? O que é a injustiça, afinal?
Se eu perguntar a você, querido leitor e querida leitora, o que é o “justo”, na sua opinião, tenho certeza de que cada um terá um conceito de Justiça. Alguns, entenderão que a justiça está ligada à igualdade; outros ao mérito; outros à posição social e por aí vai.
Qual seria o sentido correto de Justiça?
Para responder, mais uma vez, recorremos à Jesus que nos responde o seguinte: “com a medida que julgardes, sereis julgados”.
Pronto! Está dada a medida da Justiça divina. Cada um é julgado com a sua própria medida de Justiça. E mais: não é Deus que nos julga, mas cada um de nós é seu próprio julgador e deverá utilizar para si a mesma medida que utilizou para julgar os demais. Fácil?
Fácil para quem é flexível e não fica procurando “pelo em ovo”. Mas é difícil para quem é rigoroso demais tanto consigo quanto com os outros.
É por isto que ao tratar do egoísmo, o mesmo Evangelho nos ensina; “a rigidez mata os bons sentimentos”(ESE Cap XI – item 12).
Os adeptos da justiça implacável também atraem para si o mesmo critério de julgamento. Não se perdoam nunca e, por isto, vivem com dificuldades para perdoar aos outros.
De novo, Jesus já tinha explicado também: não julgueis para não serdes julgados!
A prática do perdão sempre foi considerada como uma das mais desafiadoras na materialização dos ensinamentos de Jesus, justamente porque a saída não está no outro mas em nós mesmos.
GLAUCIA SAVIN