Muitas pessoas (todos?), quando estão passando por um problema grave, olham para o céu e perguntam: por que eu?
Por um lado, pode ser um questionamento investigativo. A pessoa está buscando autoconhecimento, querendo encontrar relações de causa e efeito no que está passando.
Mas acredito que, na maioria das vezes, essa é uma pergunta vitimizadora. Parece que a pessoa está falando… olha, tem alguma coisa errada, aí. Eu não mereço passar por isso… sou eu, ó… Viu direito? Como se estivesse a esclarecer a Deus com quem Ele está falando.
Outro dia, pesquisando sobre resiliência, tropecei com uma pergunta inversa a essa. A autora do artigo, Diane Coutu, propunha um questionamento mais proativo e menos vitimizador. Ao invés de se perguntar “por que eu?”, ela propõe que se pergunte “por que não eu?” Foi um choque… nunca tinha pensado nisso! Aprendi muito com essa pergunta e vou compartilhar aqui com vocês esse aprendizado.
“Por que não eu?” é uma pergunta poderosa. Afinal, o que eu tenho de tão especial, que não mereça ser demitido, perder um ente querido, sofrer um terremoto ou ter uma doença importante, como tantos seres humanos comuns nessa Terra?
O contrário também vale. “Por que não eu” me dar bem, prosperar, ter saúde, viver mil anos…
É uma dessas perguntas que nos faz alertas e corajosos para enfrentar a vida, nos faz protagonistas, empoderados para buscar o que queremos e para enfrentar os inevitáveis desafios.
“Por que não eu” faz com que a pessoa não sinta como pessoal o que ela está passando. Não é o destino agindo contra ela. Apenas a vida é assim e eu estou dentro dessa vida… Pode acontecer comigo também, por que não. É uma das atitudes para se construir resiliência. Numa visão materialista, claro. O espiritismo nos ensina que não há casualidade nisso tudo.
O espiritismo nos esclarece que não vamos conseguir tudo o que nossos limitados olhos mortais enxergam e desejam, porque nosso espírito já fez escolhas educacionais, que muitas vezes passam por desafios e restrições. Mas tem muito sofrimento, aí, que não é educacional, é vitimização, desânimo, desistência. Bom, isso também é educacional, na hora que a gente percebe que… não valeu a pena.
Por que não eu? Por que não eu sofrer as consequências dos meus atos incertos dessa e de outras vidas? Por que não eu ter a oportunidade de resgatar tudo isso por meio das provas e expiações? Por que não eu ser uma pessoa comum, um filho de Deus, nessa canoa que não está furada?
Por que não eu aproveitar essa encarnação para lutar com todas as forças contra minhas más inclinações, meus vícios, meu materialismo e por que não eu buscar minha elevação espiritual, passando pelo que tiver que passar, para alcançar a luz?
E também, por que não eu buscar o melhor, a saúde, a cura, a prosperidade e por que não eu ter paciência e resignação quando isso não acontecer exatamente como eu queria?
Por que não você… pensa nisso?
José Rodrigues Passarinho