Alguns de nós são monitores em cursos doutrinários. E nessa atividade se deparam as vezes com questionamentos muito inusitados por parte dos alunos. Neste caso, o questionamento era muito pertinente. Olha só que interessante a pergunta feita pela aluna do Amilton.
Pergunta curiosa e, ao mesmo tempo, oportuna, feita por uma aluna em um curso de introdução ao espiritismo, me levou a pensar não na pergunta, mas por quais motivos, em tantos anos ministrando cursos e dando palestras, essa pergunta nunca tinha surgido, pois acredito que, principalmente para os iniciantes no espiritismo, é uma pergunta perfeitamente lógica.
Na questão 94 do Livro dos Espíritos, é informado que o espírito retira o fluído de que o períspirito é feito do ambiente do mundo em que irá viver. Passando de um mundo a outro, ele muda a composição do seu períspirito, para que a mesma se adeque aos fluídos ou composição do mundo em que irá interagir.
Na época de Kardec, navegação espacial não era uma realidade, e era até mesmo um exercício de futurologia bem distante. Porém o mesmo não ocorre em nossa era, a nossa realidade é de viajantes espaciais, pessoas vivendo no espaço (A ISS – estação espacial internacional, tem uma população permanente, nunca fica desabitada).
Dentro deste contexto, e levando em consideração as afirmações de Kardec, a pergunta da aluna faz todo o sentido, e realmente nos admiramos que não tivesse sido formulada antes.
A pergunta completa era:
– “Se um astronauta viajar para outro planeta, e lá fixar residência, ou ficar um longo período, como fica o períspirito? Ele terá que refazê-lo para se adequar aos fluídos do novo mundo? ”.
Se levarmos em conta que, uma vez encarnado o espírito, o períspirito só abandona o corpo no momento da morte física, é de supor que isso não ocorra em espíritos encarnados (trocar a constituição do períspirito ao chegar a outro mundo), até por que, por “mundo”, de tudo o que compreendemos do estudo da doutrina, entende-se não só o planeta físico, mas também o ambiente psíquico e espiritual.
Sendo assim, se alguém sair de um mundo como a terra, e ir para outro mundo semelhante a este, irá continuar convivendo no mesmo tipo de ambiente (mesmo tipo de “mundo”), ainda que em localização distante.
Mesmo para um viajante espacial oriundo da terra, não seria possível sobreviver em um ambiente diverso do nosso, que tivesse condições de pressão, gravidade, composição química e atmosférica diferente. Para isto criamos nossos próprios ambientes artificiais, que emulam o ambiente que vivemos, como quando uma tripulação de submarino passa longos períodos sob o mar, ou a tripulação da ISS passa longos períodos no espaço. Assim, mesmo estando em outro mundo, estamos em nosso ambiente, recriado artificialmente para dar suporte à nossa forma de vida física.
Se nos deparássemos com exoplanetas com condições físico químicas análogas à da Terra, estaríamos perfeitamente adaptados para sobreviver, pois estaríamos em um ambiente com as mesmas condições.
Claro que, se um espírito for encarnar nesse outro planeta, lógico que irá tirar dali o material para o seu períspirito, mas se um viajante da terra lá chegar, manterá o seu períspirito, constituído do material extraído do fluido de nosso planeta, pois não haverá necessidade de mudá-lo, e haverá até uma impossibilidade disto.
Assim, concluindo: Não, um viajante espacial não precisa mudar o material do seu períspirito ao chegar a um novo mundo.
Amilton Maciel