Em nossas reuniões falamos de todos os assuntos que afligem o ser humano. Situações do dia a dia que de alguma forma hoje, parecem muito extremadas. Como a inversão que se percebe nos relacionamentos entre homens e mulheres. Existe mesmo um movimento contrário ao machismo sendo difundido entre as mulheres? A Gláucia resolveu falar sobre isso no seu artigo…
Quando falamos em preconceito de gênero, logo nos vem à mente a discriminação contra as mulheres. É quase um sinônimo de machismo. O preconceito realmente existe, principalmente em culturas que ainda tomam a mulher como alguém inferior ao homem.
No Brasil, onde o preconceito em relação às mulheres é bem mais atenuado, ainda convivemos com a discriminação que é originária da educação que, muitas vezes, reforça comportamentos e valores que não se justificam mais: se uma mulher faz uma barbeiragem no trânsito, logo é chamada de “Dona Maria”, mas se um homem comete uma infração ou provoca uma colisão, ninguém diz que “só podia ser homem”. Se um garoto “ficar” com muitas garotas, ele é um “pegador”; se uma garota “fica” com muitos garotos, ela passa a ser vista como promíscua.
Na cultura ocidental, a repressão à mulher na sociedade não é mais vista como algo justificável e aceitável. As mulheres do nosso tempo trabalham, estudam e são independentes.
Na minha família, desde a minha bisavó italiana, sempre foi assim. Ela trabalhava; as filhas trabalharam e, por sua vez, ensinaram suas filhas a serem independentes (“estude e tenha sempre o seu dinheiro”, me dizia a minha avó). A maioria das mulheres da família seguiu esse caminho, ainda que a duras penas, mas não ficamos com raiva dos homens. Ao contrário, cada uma se casou com um.
Mas, para minha surpresa, tenho me deparado, muitas vezes, com o preconceito às avessas. Muitas mulheres atacam os homens, como uma “desculpa” para combater o machismo. Surgem , até mesmo, defensoras de ideias que sustentam a superioridade genética das mulheres em relação ao homens e, por aí vai, numa espécie de machismo às avessas.
Isto não é mais feminismo, nem defesa de gênero, mas preconceito mesmo. Algo que pode ser definido como “sexismo” e sobre o quê pouca gente medita.
Embora o sexismo, de forma mais geral, seja utilizado quase como sinônimo de “machismo”, o correto é que o preconceito contra homens, embora pouco mencionado, é chamado de misandria ou androfobia, enquanto a discriminação contra as mulheres é comumente denominada de machismo ou, mais tecnicamente, de misoginia. O preconceito contra homossexuais é a homofobia, que tem sido objeto do noticiário por se utilizar da violência física. Tudo isto é sexismo.
O sexismo revela o desejo de enfrentamento e não da construção e da compreensão de personalidades completas, qualquer que seja o gênero ou a orientação sexual escolhida. Na verdade, o enfretamento não conduz à construção de uma sociedade melhor, nem vai promover a igualdade; o confronto gera reações que acabam por fortalecer as posições extremistas, de parte a parte, perpetuando as diferenças. Preconceito alimenta preconceito.
Por que é necessário que um sexo se mostre superior ao outro? Será que precisamos atacar o outro para nos defender?
Como espíritos, todos já tivemos a oportunidade de encarnar em corpos masculinos e femininos para aprendermos, pela experiência, a acumular as melhores características de cada gênero, desfrutando das oportunidades que cada situação pode nos conferir. Aprendemos a respeitar o espírito, esteja ele encarnado como homem ou mulher, compreendendo que cada experiência traz a oportunidade de acumular infinitas habilidades e capacidades de compreensão do outro.
Afinal, não somos gênero; somos espíritos imortais.
Glaucia Savin