VAI UMA CURA QUÂNTICA AÍ? VAMOS FALAR DA UNIÃO DA CIÊNCIA E DA RELIGIÃO?

Diante da velocidade da informação que nos atropela diariamente nos trazendo notícias de novas descobertas que não temos a capacidade de compreender, Amilton nos lembra a voltar ao início do nosso aprendizado da doutrina: Kardec, que nos convida a avaliar com calma e lógica toda a novidade que nos é apresentada.

O capítulo I do Evangelho segundo o Espiritismo, discorre sobre a união da ciência e da religião, nos mostrando que uma não é contrária a outra, mas que são complementares.

Nos dias atuais, em que a ciência avança a passos largos, e descortina mistérios que nem sabíamos que existiam (às vezes a ignorância pode ser uma benção), o homem moderno fica perplexo diante das maravilhas apresentadas, mas a sua compreensão é limitada, principalmente em áreas complexas como a física, a astronomia, e outras ciências exatas.

Há uma frase, atribuída à Isaac Newton, considerado o pai da física clássica: “Se cheguei até aqui, foi porque me apoiei no ombro de gigantes”.

O que essa frase quer dizer? Que Newton construiu sua ciência sobre o conhecimento de seus antecessores, que desenvolveram teorias e fizeram descobertas antes dele, desde Tales de Mileto, Aristóteles, Copérnico, Galileu, e muitos outros.

As gerações anteriores tinham um mundo em que a física clássica, de Newton, explicava a maior parte dos fenômenos, que eram sempre intuitivos: um corpo tem peso, portanto ele cai, um efeito sempre tem uma causa, apenas observar um fenômeno não causa efeito mensurável, e por aí vai.

Acostumamo-nos com este pensamento, então surgem Einstein e a sua relatividade, e Max Planck e sua física quântica.

E isso bagunçou todo o nosso senso intuitivo de como as coisas ocorriam no universo. Vimos experimentos bizarros, com resultados contraintuitivos que ocorrem diariamente. Partículas que podem estar em dois lugares ao mesmo tempo, entrelaçamento quântico (chamado por Einstein de “efeito fantasmagórico a distância”), incertezas, e muitos outros experimentos de difícil compreensão, simplesmente bagunçaram a nossa noção de mundo.

Ocorre que até Newton, as bases eram observáveis, mensuráveis e, principalmente, intuitivas, e o público leigo (não cientistas), poderia entender os fenômenos usando seus conhecimentos de matemática, física, química aprendidos na escola, e usando a sua intuição. A física da relatividade já é construída sobre princípios não acessíveis ao público comum, um dos ombros de gigantes em que ela se apoia é o de Newton, e aí é necessário um conhecimento mais profundo de matemática, de física, ou seja, já é necessário ser um cientista para compreender, o que a maioria de nós não é.

E eis que Max Planck nos apresenta a bizarra física quântica, que se apoia sobre a física da relatividade, que já era além da capacidade dos não cientistas entenderem. Agora a coisa complicou de vez.

Tentamos entender as notícias divulgadas, mas como não temos a formação, tentamos encaixar as notícias no nosso entendimento de mundo, tentamos fazer funcionar como a nossa intuição nos diz que deve ser.

E, na verdade, muitos experimentos confirmam, pelo menos parcialmente, muitas coisas que a religião já pregava, outros contradizem frontalmente. Se usarmos a lógica de Kardec, iremos ajustar nossas crenças para estarem em harmonia com o conhecimento, pois a ciência apenas explica as leis naturais, que ocorrem na natureza normalmente, e que são as leis de Deus, leis imutáveis e eternas, ainda que difíceis de compreendermos, as mesmas leis que a religião também explica, porém de maneira metafórica, poética até, acessível ao leigo.

Por conta disso, muita gente ao invés de revisar seus conceitos, para ajustar à nova realidade, acaba misturando as coisas, e surgem as tais “curas quânticas”, tudo passa a ser “quântico”, e quem não é da área, tem dificuldades de compreender, e como a explicação da tal “cura quântica” é embalada em uma explicação recheada de frases de efeitos e meias-verdades, muitos acabam acreditando.

Nesses casos vale lembrar Kardec, que recomenda sempre cautela, análise racional e lógica, e muito ceticismo antes de crer.

Mas e como saber se o procedimento “quântico” que está sendo propagado é válido ou apenas mais uma isca para atrair os crédulos e incautos?
O conselho que sempre dou: Se tem quântico no nome e não é sobre física ou ciência, segure sua carteira e caia fora.

AMILTON MACIEL

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